Vésperas das eleições 2018. E chegamos num segundo turno, numa cilada que criamos para nós mesmos.
Numa competição onde só consigo parafrasear: se correr o bicho pega se ficar o bicho come. Trago
à memória de todos, na vontade de contribuir para a decisão coletiva, duas frases de dois grandes
nomes da Arte brasileira. O texto é breve meu povo não se preocupem.
A primeira frase que me veio à memória nesse momento tão importante para a democracia partiu do nosso
Giangranceso Guarnieri, que dentre sua extensa biografia, ficou eternizado na minha memória ao interpretar
o Gegê da novela Cambalacho e o Elisio, marido e fiel escudeiro de Filomena Ferrero, na novela A Próxima
Vítima.
E a segunda frase recente da nossa Regina Duarte, atuante no Teatro, eternizada em inúmeros personagens
vivos na nossa memória recente, como a Viúva Porcina, Maria do Carmo e as Helenas das novelas de
Manoel Carlos.
Giangrancesco Guarnieri, foi um ator, diretor, dramaturgo pioneiro e poeta italiano, naturalizado brasileiro,
Foto: Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro, filme que é lembrado sempre no dia do trabalhador no Brasil.
Os pais de Gianfrancesco Guarnieri, eram músicos anti-fascistas que vieram para o Brasil em 1936.
Já crescido Guarnieri tornou-se líder estudantil criando com notáveis amigos, o Teatro Paulista do
Estudante que mais tarde uniu-se ao Teatro de Arena de São Paulo, alcançando visibilidade e
reconhecimento. Suas peças apresentavam cunho abertamento político abordando de forma
contundente a militância comunista, ao criticar tantos os métodos da direita quanto da esquerda.
Mas se podemos citar sua maior contribuição, foi mesmo para o Teatro Brasileiro.
Guarnieri foi o responsável pela inclusão de personagens do dia-a-dia, enfocando o operário brasileiro.
Foi perseguido pela ditadura militar, após o golpe de 1964, conseguindo lidar com a censura instalada
naquele momento, através da utilização de uma linguagem metafórica, driblando a ditadura e, assim,
contestando e registrando a violência praticada naquela época de ideologia militar instalada.
Tais Obras: A semente, O Filho do Cão de 1964, primeiro texto de Guarnieri, em que tratava da
questão do misticismo religioso e da reforma agrária.
Em linguagem metafórica: os musicais (Arena conta Zumbi), tendo como destaque a música
Upa Neguinho, com parceria de Edu Lobo, e (Arena conta Tiradentes), feitos em parceria
com Augusto Boal
Na década seguinte daria prosseguimento a esse estilo em peças como Castro Alves Pede Passagem (1971)
e principalmente, Um Grito Parado no Ar (1973) (que encenava as dificuldades da classe artística naquele
período), culminando com a peça Ponto de Partida (1976) (onde utilizava uma vila da Idade Média
como pano de fundo para focalizar a represssão a partir da morte do jornalista Vladimir Herzog
em cárcere militar
Foto: Gianfrancesco Guarnieri na Peça Ponto de Partida (1976)
Recentemente em campanha para o segundo turno das eleições de 2018, temos a participação de forma
ativa, da querida atriz, Regina Duarte em meio a protestos volumosos da classe artística, que em teoria
e prática, reconhecem ou lembram desses anos do Teatro Político.
Tenho meu posicionamento que não está nas entrelinhas, está explícito, venho com este texto chamar
todos à reflexão, como brasileiro, trabalhador, apaixonado por dramaturgia e teledramaturgia, como
comentarista informal e, principalmente, exercendo meu direito à liberdade.
Em sua última apresentação pública em 2005, Gianfrancesco Guarnieri, já com seus 70 anos,
debilitado, encerrou sua participação no programa da TV Cultura, Senta Que Lá Vem Comédia,
com uma frase que me inspirou na elaboração desse texto:
NÃO SOU MAIS NECESSÁRIO AQUI . Obviamente quis se dizer,
enquanto cidadão e militante do Teatro Político, aliviado por tudo que contribuiu e, que jamais
correríamos novamente o risco de vivermos uma situação parecida com aquela que ele havia vivido.
Foto: Gianfrancesco Guarnieri no programa Senta Que Lá vem Comédia - Tv Cultura
Num contraponto, temos a atriz Regina Duarte com Bolsonaro, elaborando uma curta frase, que também
se mistura ao meu pensamento, talvez justificando sua postura junto à classe artística, exemplificando
a dúvida que nos atinge nessas vésperas de segundo turno das eleições de 2018:
NADA CONTRA, APENAS MUITO DO MESMO
Foto: Regina Duarte e candidato Bolsonaro (2018)
Esse texto tem por objetivo, registrar um momento e também levar a todos aos que tenham
acesso a ele, a refletir o que será melhor nesse momento para o Brasil. Mais do Mesmo Ou
Risco de voltarmos a um período obscuro que já superamos ( texto e edição roddy - 25 de out -2018).
AcervodoRods: 251018.
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